domingo, 3 de abril de 2011

Festival CINEfoot: misturando a magia de dois mundos que se complementam


Normalmente, adoto a imparcialidade em meus textos. Mas, hoje, vou sair um pouco da rotina de redações desprovidas de opiniões e críticas para me aventurar em uma coluna sobre um evento especial: o CINEfoot. Sempre sonhei em ver um festival que unisse duas das minhas maiores paixões, o cinema e o futebol, mas nunca encontrei alguém que compartilhasse do mesmo pensamento sonhador que o meu. Era um momento turbulento na minha vida. Problemas pessoais, profissionais, doenças na família. O CINEfoot apareceu como uma válvula de escape. Meu cunhado me avisou que haveria esse festival e fomos na sessão de abertura do primeiro CINEfoot da história, "João", consagrado documentário sobre a vida de João Saldanha. Lotado, pude perceber, na enorme fila que se formava no cinema de Botafogo, que existiam crianças, idosos, mulheres, homens, uma mistura bonita de se ver. Me apaixonei pelo festival. Não faltei um dia sequer. Assisti do curta "Mauro Shampoo - Jogador, cabelereiro e homem", de Leonardo Cunha Lima e Paulo Henrique Fontenelle, até o longa "Um Craque Chamado Divino", de Penna Filho, passando pelo média-metragem "Fora de Campo", de Adirley Queirós, e pelo curta experimental "O Fundo do Mar", de André Amparo. Todos muito bons. Mas dois dias me marcaram em especial. O primeiro foi o dia da sessão do filme ganhador da primeira Taça CINEfoot de Longa Metragem, "Inacreditável - A Batalha dos Aflitos", de Beto Souza. O documentário, com traços de ficção, falava da heróica trajetória do Grêmio na série B de 2005. Estava curioso para assistir o filme, pois a Batalha dos Aflitos me marcou muito, já que foi a primeira partida de fato importante do Grêmio que assisti sem meu avô, tricolor doente. Ao entrar na sala, me deparei com a última fileira lotada. Eram gremistas do Rio Grande do Sul, que tinham vindo ao Rio de Janeiro para assistir a uma partida entre Grêmio e Flamengo. Parecia que haviam acabado de sair do estádio. Levaram para o cinema bandeirão, chimarrão e todos os acessórios nescessários. E, claro, todos estavam muito bem uniformizados. Quando começou o filme, logo que apareceu na tela aquele golaço da então promessa do tricolor gaúcho Anderson, os gremistas foram ao delírio. Fiquei admirado. Alucinados, esvaziaram aos poucos a sala, enquanto cantavam o hino do Grêmio, acompanhando a música dos créditos finais. Outro dia que me marcou foi a sessão do filme "Zico na Rede", de Paulo Roscio. Nunca vi um cinema tão cheio. Meu pai havia acabado de ser diagnosticado com uma rara deficiência física. Flamenguista doente, resolvi levá-lo para assistir ao filme. Chegando lá, tomei um susto. No Café, não tinha mesa nem cadeira; a fila para entrar na sala se estendia até a porta do Arteplex e havia uma outra fila, tão enorme quanto, na bilheteria. Eram pessoas frustradas por não terem conseguido retirar seus ingressos a tempo. Falei com a produção, que já me conhecia das sessões anteriores, que, em um ato nobre, reservaram dois assentos na primeira fileira da sala. Confesso, ficamos emocionados. Conseguimos assistir os curtas "Geral", de Anna Azevedo e "O Deus da Raça", de Pedro Asberg e Felipe Nepomuceno, e, por último, o longa "Zico na Rede", na sessão mais marcante de nossas vidas. Participei também da homenagem do jornalista Paulo Guilherme ao goleiro titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970 e, por fim, vi a sessão de encerramento, com o curta "O Pequeno Satélite do Futebol", de Walter G. Pulls, e o longa "Unidos pelo Aço", de Andreas Grafenstein, filmes premiados no Festival Internacional de Futebol de Berlim, o 11mm.


Esse ano, pretendo repetir a dose desse mágico festival e recomendo que compareçam, para que vivam nele tantas experiências marcantes quanto as que eu vivi no primeiro CINEfoot. A edição de 2011 será realizada no Rio e em São Paulo. Na Cidade Maravilhosa, o cinema Unibanco Arteplex, na Praia de Botafogo, nº 316, será o palco, de 26 a 31 de maio de 2011. Em São Paulo, será no Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, na Praça Charles Miller, de 3 a 5 de junho. Ambos com entrada franca.


Postado por: Rafa Bala

Twitter: @RafaaBala

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