terça-feira, 29 de março de 2011

Bellot: um caso de amor com o São Cristóvão


Josenildo Francisco da Silva. 46 anos. Conhece? Não? E se eu disser que esse tal Josenildo é o lendário Bellot, você acreditaria? Pois então, acredite. Este é Bellot, o jogador mais velho do Rio de Janeiro em atividade.
Bellot nasceu no dia 8 de janeiro de 1965, em Recife, mas foi criado em Bento Ribeiro. Desde pequeno, frequentou campos de futebol de rua em São Cristóvão, onde acompanhou a carreira de seu amigo Ronaldo e de tantos outros garotos que viriam a ser craques e que passaram descalços pelos gramados ralos da vizinhança, onde, ao entrarem, se transformavam nos melhores jogadores da época jogando nos estádios mais extravagantes imagináveis. Bellot teme que essa fantasia acabe:
- Esses campos valem ouro, mas estou um pouco dasanimado, pois eles estão desaparecendo. Aqui mesmo em Bento Ribeiro. A criançada quase não joga mais bola na rua. Agora é na escolinha.
Bellot foi um cigano da bola. Atuou, ao todo, em 16 clubes diferentes: São Cristóvão, Novorizontino-SP, Anápolis, Novo Horizonte-GO, Santo André, Portuguesa-SP, XV de Jaú, Atlético-GO, América-RJ, Vila Nova-GO, Goiás, Náutico, Porto-PE, Ríver-PI, União Rondonópolis e Portuguesa-RJ, até voltar para o clube que o revelou em 1999.
- Na minha carreira fora do Rio, principalmente jogando em Goiás, ganhei um dinheirinho. Digo para os garotos: clubes pequenos são só para começar a carreira ou terminar, como é o meu caso. Se ficar em clube pequeno, a carreira desaparece. Times assim, de tradição, estão sumindo. O São Cristóvão, a Portuguesa, o América, por exemplo. É uma situação diferente dos clubes que recebem dinheiro de prefeituras - disse.
Primeiro goleiro a tomar um gol de um dos maiores atacantes da história do Brasil, o baixinho Romário, em 1979, Bellot encerrou a carreira de goleiro em 2005, no São Cristóvão. Virou uma espécie de funcionário do clube. Treinava a base, os goleiros, fazia o que podia.
Em 2006, se tornou treinador. Não foi bem.
Depois, tentou ser preparador de goleiros. Não se adaptou.
Em 2010, foi supervisor de futebol. Desistiu.
O negócio dele mesmo era o futebol. E, na semana passada, assinou um contrato de 4 meses com o Cadete.
Há quem diga que isso é uma pena, é horrível para o futebol, pois, afinal, um time com a história do São Cristóvão não merece ter que recorrer a um goleiro de 46 anos para ter elenco. Mas isso é bonito. É bonito ver essa paixão entre clube, jogador e torcida. É bonito ver que o São Cristóvão deu o mundo do futebol ao Bellot, e ele quer, de alguma maneira, retribuir todo esse prestígio proporcionado a ele.
E o mais bonito é perceber que o arqueiro faz de tudo para que as pessoas vejam que o Josenildo só é o Bellot graças ao São Cristóvão, atitude que pode e deve ser chamada de prova de amor.

Figurinha de Bellot do álbum do Campeonato Carioca de 1988, quando jogava no América-RJ


Agradecimentos especiais a Roberto Silva, repórter e comentarista da Rádio Tropical AM.

Postador por: Rafa Bala
@RafaaBala
rafa_bala@rocketmail.com

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